O eremita

E de todas as vezes que buscou companhia, sentia que uma força além da compreensão o retornava para a solidão, como se algo de muito poderoso ali residisse, algo que não poderia ser evitado, ou que ao menos não deveria.
E se lembrou das dores da solidão, da sensação de ser abandonado, de não pertencer, do constante esforço para caber, da incompreensão, do isolamento.
E subitamente sentiu gratidão, percebeu que quando trilhava seu caminho sozinho sentia-se feliz, acolhido, pertencente, compreendido e adequado. Sentiu-se abençoado pela força que o guiava, mesmo que não pudesse entender seus caminhos, compreendeu que era um só, mas não era sozinho.
Deixou de buscar acolhimento, e se acolheu em todas as suas dúvidas. Cessou os questionamentos, e se rendeu aos caminho de saturno.
Fez a promessa de não prometer mais nada a si mesmo.
Pela primeira vez na vida, olhou para si mesmo com compaixão.